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A demonização do servidor público

Em 22 anos de atuação pela PRF, acredito nunca termos sido tão atacados em nossos direitos pelo governo como nos últimos meses. Nem na época do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, quando perdemos diversos direitos conquistados, fomos agredidos e até mesmo extorquidos.

O servidor púbico policial trabalha à noite e não ganha adicional noturno, trabalha além das 40 horas semanais e não recebe pelas horas extraordinárias, trabalha em locais insalubres e não recebe qualquer adicional por insalubridade, arrisca a vida por quem não conhece sem receber o devido reconhecimento.

Vale ressaltar que temos desconto na fonte pagadora de 27,5% referente ao imposto de renda e 11 % de PSS, o qual nunca deixamos de recolher, mesmo após chegarmos à aposentadoria.

Nos últimos meses o governo resolveu demonizar o servidor público municipal, estadual e federal, tentando convencer a população de que o desequilíbrio fiscal é culpa da folha de pagamento do servidor público, tentando, assim, justificar o pacote de maldades contra servidores com menor salário que são do Poder Executivo.

Contra os semideuses – para os mais modestos – ou os assumidos deuses do Poder Judiciário não vemos um único indício de arrocho. O Governo convenientemente utiliza os maus exemplo dos super salários de alguns funcionários do Poder Judiciário e ardilosamente espalha essa “má fama” para demonizar todas as instâncias do funcionalismo público do Poder Executivo.

E sem levar em conta os abusos que se podem verificar nos cargos comissionados – moedas de troca das nefastas barganhas políticas, a mídia e o Governo voltam seus canhões para a exacração pública única e exclusiva da força de trabalho que tenta levar aos cidadãos brasileiros o serviço público em sua essência: os autênticos servidores públicos são chamados a carregar nas costas o peso do arrocho fiscal, enquanto as mamatas se perpetuam vergonhosamente nos altos escalões.

As polícias federais, PF e PRF, que têm tido resultados operacionais nunca antes alcançados, são feridas de morte na medida que não são valorizadas e reconhecidas por estes resultados, e ao contrário, são atacadas institucionalmente e também em sua essência: nos servidores que compõem seus quadros.

Recentemente alteraram a previdência das pensionistas, desestimulando o policial que arrisca a vida pela paz e pela ordem social. Agora, depois de dois anos de lutas, provando o valor das polícias, seus resultados e a defasagem salarial, fizemos um acordo com o Governo para uma recomposição, que longe de ser o esperado e merecido pelos policiais, foi o possível dentro de um cenário de grave crise econômica e política no País.

Este acordo, firmado em maio de 2016 com o Governo Federal e transformado na Lei 13.371/2016, após amplo esforço da categoria e do sistema sindical, está sob ameaça, com a falsa justificativa de regular as contas públicas.

Somos servidores públicos da nação e jamais admitiremos sermos tratados como capachos de um sistema de castas tão abjeto como o Governo vem tentando propagar! Não vamos aceitar esse ataque aos nossos direitos de forma tranquila! Vamos continuar unidos para mais esta luta!

O SINPRF/PR está definindo três linhas de defesa: parlamentar, de mobilizações e jurídica. O trabalho parlamentar já está sendo iniciado com o objetivo de barrar as medidas e está sendo analisado, junto aos demais Sindicatos e a Federação, possíveis mobilizações da categoria. Além disso, se necessário, serão ingressadas ações judiciais para impedir esta arbitrariedade do Governo Federal.

Sidnei Nunes – presidente do SINPRF/PR